A influência do sistema nervoso simpático no controle da circulação foi descrito pela primeira vez por Claude Bernard e Brown Sequard em 1852. Em 1889, Gaskell e Langley sugerem a correspondência entre os gânglios simpáticos paravertebrais e regiões anatômicas periféricas. Em 1899, Jaboulay seccionou fibras nervosas que envolviam a artéria femoral para tratamento dos distúrbios tróficos das pernas e dos pés. Leriche, discípulo de Jaboulay, em 1913, estendeu esse procedimento para o tratamento de síndromes dolorosas e tróficas dos membros superiores e inferiores de origem arterial. Esse procedimento ganhou popularidade após 1914, quando Kramer e Todd demostraram serem de origem simpática as fibras que envolviam os vasos.
Em 1921, Jonnesco indica a ressecção do gânglio estrelado para o tratamento da angina pectoris.
Em 1927, Kuntz demostrou a influência do gânglio estrelado do primeiro, do segundo e do terceiro gânglio torácico e de seus ramos comunicantes na ativação das glândulas sudoríparas e na vasoconstrição das mãos.
A partir da década de 30, ocorreram mudanças na abordagem da cadeia simpática cérvico-torácica, com aparecimento de procedimentos que preservavam o gânglio estrelado, procurando-se evitar a Síndrome de Horner (miose, enoftalmia e ptose palpebral).
Novas vias de acesso para abordagem da cadeia simpática torácica foram criadas tanto por via supraclavicular, torácica anterior e transaxilar, além de variantes para o clássico acesso paravertebral. Estes métodos foram usados até há pouco tempo em muitos centros, apesar de o acesso cirúrgico ser muito mais traumatizante, doloroso, trabalhoso e mórbido do que a própria simpatectomia em si.
Erhard Kux, considerado o pai da cirurgia endoscópica do sistema nervoso autônomo, baseado na antiga operação de Jacobeus, em 1939, associou a simpaticotomia endoscópica torácica (ETS) ao pneumotórax no tratamento da tuberculose pulmonar visando à vasodilatação pulmonar e diminuição da tensão das fibras elásticas do pulmão. A partir do acesso endoscópico aos troncos neurovegetativos idealizado por Erhard Kux, foi aberto um vasto campo de procedimentos cirúrgicos até então desconhecidos ou pouco explorados.
Erhard Kux associou a ETS à vagotomia torácica direita e esplancnicotomia no tratamento da úlcera péptica e publicou centenas de casos com excelentes resultados iniciais e recaída de 30% após 2 anos. Realizava simpaticotomia endoscópica torácica para tratamento de angina do peito, hipertensão arterial, asma brônquica, pneumotórax espontâneo, cistos pulmonares (ar ou liquido), arritmia cardíaca, miocardiopatia, diabetes, síndrome pós-colecistectomia, icteruscatarralis (icterícia infecciosa), vasopatias periféricas do membro superior, tromboflebite, causalgia, dor fantasma, artropatias, distrofia simpática, litíase renal, patologias neuropsiquiátricas: morfinismo, esclerose múltipla, esquizofrenia; epilepsia, hipertireoidismo, migraine, soluço, pancreatite, edema da mama, etc. Esta experiência resultou num livro: Intervenções Toracoscópicas no Sistema Nervoso, publicado em 1954. A maioria destas indicações desapareceu ou pelo mau resultado ou pelo melhor conhecimento fisiopatológico da enfermidade e melhora do tratamento clínico.
Em 1947, Erhard Kux, na Alemanha, juntamente com seu sobrinho o Dr. Peter Kux, realizaram a primeira simpaticotomia torácica para tratamento da hiperidrose palmar.
No fim de 1947, o Dr. Peter Kux mudou-se para o Brasil e, em 1949, na cidade de Acesita, interior de Minas Gerais, realizou a primeira simpaticotomia endoscópica no Brasil para o tratamento da hiperidrose palmar. Em 1954, o Dr. Peter Kux mudou-se para Belo Horizonte, onde passou a realizar a cirurgia até o seu falecimento em 23 abril de 2008.
Apesar da praticidade, segurança, baixa morbidade e mortalidade do método endoscópico, ele foi pouco difundido, ficando restrito a poucos centros da Alemanha, Suíça e no Brasil, através do nosso grupo, que realiza ETS desde 1954 para tratamento de diversas enfermidades, dentre elas, a mais frequente, a hiperidrose.
Na década de 80, o procedimento toracoscópico ganhou adeptos na Inglaterra, Irlanda, Suécia e Taiwan com variações quanto ao ponto de acesso no tórax.
A partir da década de 90, com a disseminação da cirurgia videoendoscópica, a videotoracoscopia firmou-se como o procedimento de escolha para o acesso endoscópico ao tronco simpático.
Dr. Peter Kux (E), DR.Chien-ChihLin* (centro) e Dr. João Bosco (D) * Dr. Lin, cirurgião que desenvolveu o método de Clip, em visita à nossa Clínica.